A urologia é uma especialidade médica cirúrgica. No Brasil, todo urologista deve, necessariamente, após o término do curso médico de 6 anos, ter recebido treinamento em Cirurgia Geral a partir de residência médica, durante 2 anos, seguido do treinamento urológico com residência médica específica por 3 anos adicionais. Dessa forma, o urologista é um cirurgião habilitado e, para praticar a especialidade, deve ser aprovado por exame certificado pela Sociedade Brasileira de Urologia. O longo período de formação é explicado pela grande complexidade de problemas que podem acometer os órgãos e sistemas do corpo que estão sob a responsabilidade da urologia. Trata-se, portanto, da especialidade médica voltada à prevenção e ao tratamento clínico e operatório de doenças das seguintes regiões:
- Aparelho urinário: doenças e problemas nos rins, ureteres, bexiga e uretra. Atuação em homens, mulheres e crianças. Os problemas mais frequentes são as infecções desses órgãos (pielonefrites, cistites, abscessos), cálculos urinários (que podem ser encontrados nos rins e bexiga, ou presos nos ureteres, causando grande desconforto), sangramentos urinários ou tumores.
- Sistema reprodutor masculino: tratamento voltado ao genital masculino, testículos e próstata. A prevenção e o tratamento dos problemas prostáticos (infecção, hiperplasia prostática e tumores) representam grande parte da atuação do urologista. Além disso, é neste sistema que se concentra a atuação do andrologista (que cuida da saúde masculina, com ênfase em medicina sexual, bem-estar e função reprodutiva).
A grande característica da urologia é sua versatilidade. O especialista pode ter grande atividade cirúrgica, atuando em doenças de tratamento quase que exclusivamente operatório, como os tumores e os cálculos urinários; mas pode também desenvolver intensa atividade de consultório, atuando na prevenção desses problemas e minimizando sua chance de ocorrência, além de promover uma enorme gama de tratamentos clínicos para as mais diversas situações. Com relação às cirurgias, a urologia é certamente a especialidade que mais se utiliza das chamadas técnicas cirúrgicas minimamente invasivas. Operações convencionais vêm se tornando mais e mais raras, cedendo espaço para técnicas que tratam doenças em hospital, mas com cada vez menos manipulação do paciente. É o caso das cirurgias endoscópicas, para tratamento de hiperplasia prostática, por meio da ressecção transuretral de próstata (RTUp) ou do laser GreenLight; da videolaparoscopia (utilizada para retirada de tumores renais, por exemplo); da cirurgia robótica para tumores prostáticos; da endourologia (talvez o mais fantástico progresso da história da urologia, que permite retirada de grandes cálculos urinários através de própria uretra do paciente, sem necessidade de nenhum tipo de incisão na pele); e da microcirurgia (operações reconstrutivas com uso de microscópio e instrumental finíssimo como o de relojoaria, mediante mínimas incisões, sem necessidade de internação).
O UROLOGISTA CUIDA APENAS DE HOMENS?
Não. O cuidado aos órgãos do aparelho urinário pode ser oferecido para todos. É cada vez mais comum a visita de mulheres ao urologista com intuito de resolver problemas principalmente relacionados a infecções urinárias de repetição e a cálculos urinários. Em geral, cistites simples podem ser tratadas por médicos generalistas, mas quando se trata de infecções renais febris, ou quando se tornam repetidas e de difícil controle, são necessárias avaliação e conduta especializadas. Já os cálculos urinários trazem as mulheres com brevidade ao consultório urológico: o desconforto e a preocupação que vêm com o diagnóstico da litíase tornam a consulta urológica prioritária. É muito importante que todos saibam que a especialidade é voltada para todas as pessoas, e que o acesso seja rápido e sem preconceito, uma vez que os problemas urinários merecem sempre atenção imediata, sem que se deixe espaço para qualquer tipo de complicação.
Dr. Guilherme Leme de Souza